quarta-feira, 17 de março de 2021

Motor ou Turbina? O Problema da Influência Jornalística

 Há coisa de alguns dias ouvi o Flow podcast da segunda vez que o Lito, do Aviões e Músicas, apareceu por lá. Durante a conversa, algo que ele disse me chamou a atenção. Basicamente ele desistiu de tentar explicar para as pessoas que o que nós chamamos de "turbina" na verdade é o motor, e que turbina é apenas um componente interno do motor. Confirmou ainda que esse erro se dá principalmente nas coberturas jornalísticas sobre qualquer coisa relacionada a aviação. Mas o que foi realmente preocupante foi uma conversa que ele disse ter tido com um Jornalista, o qual teria dito simplesmente "se a mensagem foi compreendida, a comunicação foi um sucesso". Lito aceitou isso sem problemas, o fato de que não tem problema as pessoas chamarem motor de turbina porque visualmente todo mundo sabe de que parte do avião está sendo falado.

Como Jornalista, isso me incomoda. É uma versão nossa de "os fins justificam os meios", pois basicamente oficializa que o texto não precisa estar certo desde que o leitor faça suas próprias conexões com outra coisa nada a ver. Nesse caso, implica simplesmente que, se todo mundo sabe onde é o motor, não tem problema chamá-lo pelo nome errado, porque o que importa é a localização. Se esse conceito fosse aplicado em qualquer outra coisa seria um caos - se começássemos a chamar aeroportos de garagem de avião ou algo do tipo. Não nos importamos em corrigir o que está errado simplesmente por preguiça de explicar, ou porque não nos importamos de verdade com aquilo que estamos noticiando? Muitas pessoas se informam quase exclusivamente pelo Jornalismo (o que é um erro terrível), e acreditando piamente na polidez jornalística sobre o que está sendo veiculado. Um único erro que passa por detalhe já deveria ser o suficiente pra que esse leitor começasse a se perguntar "o que mais estão ensinando errado pra mim?".

Já que estamos batalhando tanto atualmente contra a onda das fake news, seria bom um pouco de coerência pra corrigir também os falsos detalhes, simplesmente parando de chamar as coisas pelo nome errado e confiando na auto-suficiência do leitor pra descobrir do que se está falando,