domingo, 30 de junho de 2013

Sgt. Pepper`s Lonely Heart Club Band

Depois do primeiro deslumbramento causado por eu ser fã dos Bee Gees e finalmente ter tido a chance de vê-los interpretar “Sgt. Pepper`s Lonely Heart Club Band”, comecei a prestar atenção em alguns detalhes menores. Acredito que descobri por que esse filme, que tinha tudo pra ser uma super-produção de Hollywood, se tornou o fracasso que foi em 1979. Não é um filme ruim, mas não foi bem orientado, seja a culpa de quem for. Primeiramente, quero falar sobre a participação de Peter Frampton como o simpático e ingênuo Billy Shears, neto do famoso Sargento Pepper e novo líder da banda original, reforçada pelos jovens e talentosos irmãos Henderson, Mark (Barry Gibb), Bob (Maurice Gibb) e Dave (Robin Gibb). Frampton me pareceu, ao mesmo tempo, um bom ator e um não tão bom performer. Toda vez que ele pegava a guitarra e ia pro microfone, eu quase chegava a ver uma pessoa cujo purgante começava a fazer efeito. E isso levando em conta que ele não canta mal. Peter Frampton tinha uma alegria visívelmente forçada (mesmo atuando ao lado de Sandy Farina), e só pude tecer uma explicação possível quando eu parei pra pesquisar todos os pepinos que ele enfrentava na época em que foi chamado pra fazer esse papel. Devido a isso, dei um desconto pra Peter Frampton.
Mesmo assim, não dá pra ser tão conivente com outros aspectos do filme. Um deles é o excesso de ação. Quase não há diálogo. Barry, Robin e Maurice, que teoricamente também são protagonistas, não possuem UMA FALA sequer. Todas as vezes que abrem a boca, é pra cantar (não que isso seja ruim). Deram atenção demais pras músicas dos Beatles, o que ficou exagerado mesmo se tratando de um musical. Penso que eu mesmo não teria entendido muita coisa se não tivesse lido o livro antes. Sim, o filme tem um livro. Foi escrito por Henry Edwards e é praticamente um guia de tudo o que acontece na tela, muito melhor trabalhado. Mas, como eu disse, “Sgt. Pepper`s Lonely Heart Club Band” não é um filme ruim. Eu seria a favor de uma refilmagem com uma nova equipe de roteiristas, se todos os Bee Gees ainda estivessem vivos. Transformar um álbum em um filme (ou mesmo uma música, como o nosso maravilhoso exemplo em “Faroeste Caboclo”) é sempre uma ideia interessante e desafiadora.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Esclarecimentos sobre a Inquisição Católica

Em 1233, o Papa Gregório IX editou duas bulas. Uma delas, a “Liced at capiendos”, marcou o início do Santo Ofício, ou a Inquisição Católica. Tanta coisa aconteceu nessa época que acabou manchando a imagem da Igreja e, até hoje, respondemos tanto pelos crimes que cometemos quanto por aqueles que nos foram creditados injustamente. Naturalmente, ser Católico não significa fechar os olhos para a nossa realidade histórica. Infelizmente, o restante do mundo parece bastante conformado em aceitar as mentiras que chegaram aos dias atuais. Mas aqueles que se preocupam em fazer uma pesquisa íntegra, imparcial e honesta, encontram algo totalmente diferente.
Algo que normalmente se ensina nas escolas e na “sabedoria” popular é que os padres da Igreja torturavam e queimavam qualquer pessoa por qualquer motivo. Nada mais falso. A tortura e a execução eram ambas feitas pelo Estado Civil, sendo que a Igreja foi a primeira instituição da época a não aceitar confissões sob tortura como provas. Além disso, a Igreja Católica era a única inquisidora a ceder direito de resposta, algo que Calvinistas e Anglicanos nunca fizeram. Havia um prazo de 15 a 30 dias, nos quais o acusado poderia se apresentar e mostrar-se arrependido, recebendo a absolvição. De fato, o acusado poderia receber a absolvição em qualquer parte do processo de julgamento, desde que fosse verdadeiro em seu arrependimento. O professor Orlando Fedeli, da Associação Cultural Montfort, São Paulo, diz: “A Inquisição da Igreja [Católica], diferentemente da Inquisição Espanhola, do Estado, não existia para os Judeus, Muçulmanos e não-cristãos. Ela só julgava quem fosse Católico e tivesse traído a Fé. Há textos de historiadores Judeus que confirmam isso”. A Inquisição tratava-se, antes de tudo, de trazer de volta os que haviam se desgarrado do seio da Igreja. Sua missão era simplesmente limpar a própria casa antes de querer palpitar na dos outros.
Com a Reforma Protestante, vários monarcas impuseram sua nova fé dentro de seus reinos, e quem não a seguisse era severamente perseguido e punido. Reis Anglicanos e Calvinistas acabaram por colecionar mais vítimas do que toda a Igreja Católica na época, inclusive do outro lado do Oceano Atlântico – ou seja, aqui. E eles também utilizavam o nome “Inquisição”, o que foi o suficiente para que seus mortos fossem somados aos mortos Católicos, transformando tudo em uma única e sangrenta Inquisição, que passou com o nome de “Inquisição Católica”. Se tudo fosse verdade, quereria dizer que a Igreja simplesmente perseguia quem fosse contra ela. No entanto, em nenhum momento o Papado se levantou contra a Inglaterra ou a Espanha. Ambos, no entanto, não pensaram duas vezes antes de se atirar contra os Católicos dentro do seu território, ocasionando vários mártires. O trato dos acusados em uma Inquisião e outra era totalmente diferente.
Se um condenado caísse direto no Tribunal Civil, oraganizado pelo Estado separadamente da Igreja, a chance de sua condenação e morte era muito grande. Se caísse em um julgamento da Inquisição, havia mais possibilidades de sair vivo. Exatamente por isso, vários criminosos da época atribuíam seus crimes a uma possessão demoníaca, passando o delito para natureza religiosa e expondo-se aos inquisidores. A tortura adotada pela Inquisição era mais direcionada e menos abusiva do que a do Tribunal Civil, tendo como principais diferenças:

-Era proibido torturar mulheres grávidas, crianças e idosos
-Era proibido torturar duas vezes a mesma pessoa
-Era proibido torturar a ponto de ameaçar a vida de um acusado

Os inquisidores, por via de fato, faziam de tudo para que o acusado provasse sua inocência, ou que pelo menos se mostrasse arrependido. Quando tudo o mais falhava, a Inquisição encerrava o seu papel, passando para a decisão pública. O professor polonês da Faculdade de Filosofia da Universidade de Wroclaw, Dr. Roman Konik, diz em entrevista: Os tribunais da Inquisição foram os primeiros a garantir a defesa ex-ofício e o que hoje é praticado: a prisão domiciliar e a liberdade mediante caução [fiança]. As informações obtidas através de torturas não podiam ser consideradas como prova e deviam ser confirmadas num período posterior de 24 horas. Isso foi uma grande revolução para aqueles dias.
É necessário um livro completo para desmembrar todas as mentiras que nos foram jogadas ao longo da história, inclusive aquelas que não estão relacionadas ao período medieval. Um estudo rápido não serve, a priori, como defesa consistente. Mas como ativista Católico temente a Deus, continuo fazendo o que posso para que a verdade não se esvaia, e que as pessoas consigam perceber que o único modo de acabar com desavenças e debates desnecessários é simplesmente aprender a amar-se e respeitar-se como o próprio Cristo nos instruiu.

FONTES: