sábado, 1 de novembro de 2014

O dia em que fui staff da Melody

Quem me conhece de perto – ou mesmo quem para pra ler meu blog – sabe o quanto sou fã desse sexteto MARAVILHOUSER chamado Melody. E como tal não poderia deixar de registar a longa madrugada do primeiro dia de novembro, onde eu e minha namorada Rebeca realizamos um almejo particular: fomos “infiltrados” como membros da equipe e assistimos a um show inteiro do grupo na lateral do palco, junto ao backstage. Muito foda, pra dizer o mínimo.
Antes de tudo, há de ser explicado que o convite não foi barato (falo mesmo!). Há algum tempo o grupo abriu financiamento coletivo pra juntar fundos a fim de gravar seu primeiro CD. Cada nível de pagamento equivalia a uma recompensa. Eu e a Rebeca nos juntamos por um único nível cuja recompensa encheu nossos olhos: ser membro da Melody por um dia. CD`s autografados assim que prontos, passagem pro soundcheck do dia, e o show assistido pelo corredor lateral do Opinião (aprendi no dia: um ótimo lugar pra assistir e um péssimo lugar pra tirar foto). Como já é tradicional de fã, ao ter esse tipo de encontro com um artista em algum tipo de admiração, se leva um presente. Nós queríamos fazê-lo, mas o que dar? Pra quem tem conta na Steam, há um software chamado “Manga Maker ComiPo!”, que é basicamente uma plataforma de criação livre em estilo mangá. No dia em que eu o comprei e recebi, fiz alguns testes pra aprender a mexer, e no meio do processo acabei tendo uma ideia. Em pouco mais de uma hora, saiu esta imagem:



Lembrando que o Manga Maker é bem básico e bem limitado, ainda que muito excelente pra fazer muita coisa. Graças a isso eu tive que fazer parecido e não igual – com o agravante de que precisei fazer um ode ao cabelo antigo da Alina, já que não tive como fazer o estilo “cabeceei-uma-aquarela” que ela usa atualmente. Mas sei lá. Eu achei bonitinho. E eles também gostaram, o que foi show de bola.



Entregamos o presente durante a soundcheck feita na tarde do dia 31 de outubro. Digo soundcheck por simples termo, já que acabou sendo algo próximo de um show privado. Dois pedidos nossos – “Let it Go” e “Lady Marmelade” – foram interpretados, e não havia mais ninguém lá a não ser nós e a equipe técnica. Horas depois, já dentro da madrugada de sábado, voltamos ao Opinião pra parte mais importante: The Concert. Estar no camarim, assistindo à preparação dos seis e impregnados do ambiente descontraído e leve, foi tudo indescritível. Acompanhá-los no corredor lateral foi algo único. Pra um amador da música, como eu, foi com certeza mais do que especial poder ver a parte que um fã normalmente ignora.
Cabe aqui um agradecimento, não só aos próprios Bilo, Cacá, Guiza, Taísi, Alina e Maitê, mas também ao Ataliba, que foi um verdadeiro profissional comigo e com a Rebeca, e nos deixou bem à vontade e bem orientados em todos os momentos. Posso dizer sem dúvida que a Melody tem uma mão excelente tendo-o como produtor. E de resto, não tem muita coisa que essa banda possa fazer pra me deixar mais feliz enquanto fã.
Quem sabe, outra regravação dos Bee Gees…

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Gamers brasileiros e a renovação do YouTube

Quando eu era repórter do Editorial J, em 2012, uma das grandes honras que tive foi poder entrevistar Eduardo Benvenuti, produtor de conteúdo do canal BRKsEDU, de quem sou inscrito e grande fã. Esse ano, tive a chance de passar pela mesma experiência, mas com um diferencial: dessa vez, eu pude entrevistar três youtubers de quem sou inscrito e grande fã. Gigaton Games, Davy Jones e Jean Marcel, canais brilhantes e excepcionais, me concederam entrevistas ao longo da semana pra minha matéria de Jornalismo Online, a cargo dos professores Andreia Mallmann e Marcelo Träsel. E como fui autorizado, passo pro Aleatoriedades o resultado desse trabalho, um dos muitos que só me faz ter certeza de que escolhi o curso certo, já que não imagino onde mais estaria tão perto de gente que eu admiro tanto.

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Faltando poucos meses para completar uma década de vida, o YouTube se tornou o mais expressivo sistema de compartilhamento de vídeos no mundo. Diante das mais diversas categorias de arquivos e conteúdos que estão disponíveis no site,  uma em particular teve notável crescimento desde meados de 2010: a indústria dos jogos. Alguns usuários com contas no YouTube faziam uma espécie de Walkthrough em tempo real, como se via em antigas revistas especializadas, de como completar determinados jogos eletrônicos. Isso proporcionou que a geração seguinte começasse a querer simplesmente se divertir enquanto joga, e assim nasceram as gameplays comentadas. Enquanto os Estados Unidos já eram pioneiros nessa prática, brasileiros começavam a dar seus primeiros passos. Atualmente, o país possui uma imensa variedade de youtuber`s que se dividem entre gameplays por esporte, gameplays para instrução e vídeos de humor com jogos, entre outros tipos.

https://www.youtube.com/user/gigatongames

O operador de produção campinense Diego, de 25 anos, é produtor de conteúdo do canal Gigaton Games, que ganhou força depois do lançamento de “Grand Theft Auto V”, ainda no ano passado. Se tornou conhecido por ser um “detetive online”, em busca de segredos, surpresas e erros espalhados pelo imenso mapa da fictícia Los Santos. Depois de duas tentativas sem sucesso de criar um canal duradouro, Diego aproveitou o novo produto da Rockstar Games para fazer nome no YouTube. “Em 2013 seria o lançamento de 'GTA V', e de uma coisa eu tinha certeza: a procura por easter eggs sobre esse jogo no YouTube seria uma coisa fora do normal, era algo grande que estava pra acontecer e eu queria muito participar disso, mesmo que não fosse muito longe”, explica o gamer. A trama protagonizada por Franklin Clinton, Michael de Santa e Trevor Phillips foi um sucesso inegável, e o canal Gigaton Games conseguiu o primeiro grande passo rumo ao futuro ao lado da franquia: “Apos o lançamento do jogo começou essa procura por easter eggs e poucos canais no YouTube falavam sobre isso. Era uma procura maior que a demanda, então eu fiz um video chamado ‘GTA V – 10 easter eggs incriveis (como encontrar)’ e divulguei bastante nas redes sociais. No inicio não deu muito certo, eu consegui dois mil views em uma semana e pensei: ‘fiz minha tentativa’. Mais alguns dias se passaram e fui visitar o canal. O video estava com dez mil views, e comecei a pensar que talvez pudesse dar certo. Foi nesse dia que o Gigaton Games nasceu de verdade. Hoje o video tem mais de 300 mil views”.

Uma das investigações no mapa de "GTA V" feitas pelo canal Gigaton Games

https://www.youtube.com/user/Gameplayrj

A franquia criada por David Jones, Dan Houser e Sam Houser encontrou outro exímio pesquisador no Brasil. O youtuber Davy Jones (cujo nome real preferiu não revelar), do Gameplayrj, aos 26 possui um dos canais referências em exploração do “GTA V”, com o diferencial de jogos como “Surgeon Simulator”, “Plants vs Zombies: Garden Warfare” e o aclamado “The Last of Us”. Talvez o youtuber de atividade mais intensa no Brasil, Davy Jones chega a postar sete vídeos diários, divididos em jogatinas e vlogs de opinião sobre acontecimentos relevantes do mundo dos games. Sobre o que diferencia o seu canal dos outros, o carioca conta: “Acredito que sete videos por dia e o fato de eu ser gamer de verdade, então eu jogo tudo que eu gosto sempre trazendo uma grande variedade além dos vlogs – que praticamente ninguém faz esse formato no Brasil – onde eu dou a minha opinião sobre tudo que eu acho do jeito que eu acho”. Recentemente, recebeu do YouTube a placa comemorativa de 100 mil inscritos no canal Gameplayrj, feito alcançado em dezembro de 2013. É a segunda vez que ele recebe a placa de prata, tendo a primeira sido ganha em seu antigo canal, “DavyJonesRJ”.

Corrida no modo multiplayer feita com o carro vindo da nova atualização

https://www.youtube.com/user/JeanMarcel94

Mas “nem só de GTA viverá o YouTube, mas de todo jogo que procede das desenvolvedoras”. Exemplo claro disso é o youtuber carioca Jean Marcel, de 20 anos, que destila humor e irreverência em todos os vídeos que grava. O canal, de mesmo nome, passeia por títulos como “Saints Row: The Third”, “Battlefield 3”, “Left 4 Dead 2”, além de alguns comparativamente menos explorados como “Sumotori Dreams”, “Castle Crashers” e “Mirror`s Edge”. Mas, ao contrário da maior parte dos produtores de conteúdo do YouTube, Jean não tinha pretensão de se tornar um youtuber e trabalhar com edição. “Tudo começou quando um amigo que já tinha um canal me deu essa ideia, e, de início, não tive nenhuma vontade de criar um canal. Após um tempo, resolvi tentar fazer um vídeo de brincadeira e acabei gostando, e assim fiz outro, e outro, e outro e, quando percebi, já estava produzindo vídeos semanalmente para um certo público”. O primeiro vídeo do canal de Jean, uma descontraída gameplay de “GTA IV”, hoje conta com mais de 21 mil views. Seu vídeo mais popular até o momento é “Far Cry 3 – Caçando Seu Bacon”, com quase 110 mil views. Comparando o início do canal com o trabalho mais recente, Jean Marcel nota uma considerável mudança: “Com certeza [a principal diferença] é a qualidade de comentário e edição. Quando eu comecei, não sabia fazer bons comentários e não tinha nenhuma noção de edição. Hoje posso ver o quanto melhorei em relação a quando comecei o canal. A parte mais difícil na criação e produção dos vídeos, sem dúvidas, é ter ideias inovadoras a cada vídeo. Em certos momentos não vem aquela ideia que você precisa e você fica horas e horas tentando pensar em algo diferente, para não trazer a mesma piada nos novos vídeos”.

Dando uma abordagem inédita ao jogo "Skyrim"

Tanto Diego quanto Jean e Davy Jones, em suas experiências com produção de conteúdo, passaram por um significativo amadurecimento, visível na evolução das postagens ao longo do tempo. Cada qual em seu meio retira um aprendizado e uma vivência. Ao pensarem sobre o que os canais Gigaton Games, Gameplayrj e Jean Marcel trouxeram de produtivo em suas vidas, cada um apresenta uma abordagem pessoal. Diego diz: “Por mais que dê trabalho (alguns videos tomam mais de 15 horas de edição) e tenha pouco retorno financeiro, é sempre gratificante ter um trabalho reconhecido e ver que pessoas estão se divertindo porque você sugeriu algo diferente. Esse é o objetivo do meu canal: Informação e uma proposta que adicione algo mais à sua jogatina, pra que ela se torne melhor e mais interessante do que poderia ser, pra que você tire o máximo do jogo”. Davy Jones, visando o futuro, diz: “Não tenho nenhuma pretensão de parar nunca, quero chegar o mais longe possível, não coloco meta final. Quando a gente ama o que faz é facil produzir tanto. A melhor coisa que o canal me proporcionou foi poder transformar uma paixão minha que, é jogar video game, no meu trabalho”. Jean, por sua vez, diz: “As amizades que fiz no decorrer do tempo. Conheci gente que produzia o mesmo conteúdo que eu e que, hoje, se tornaram grandes amigos na minha vida. A princípio, não quero parar de fazer o que faço no YouTube, então, enquanto eu puder continuar, estarei sempre seguindo em frente, já que batalhei tanto pra chegar aonde estou e dificilmente largarei isso”.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Melody no Superstar - Erros e acertos


No último domingo (a saber, dia oito de junho), a banda Melody encerrou sua participação no concurso Superstar, da Rede Globo, sendo eliminada com ridículos 49% de votos positivos. Não acho exagero nenhum dizer que essa foi a maior injustiça sofrida até agora pelo sexteto em toda sua existência. Durante a eliminatória do dia primeiro, quando o grupo suou frio pra passar raspando com a última vaga disponível, comentei no fã-clube que eles tem capacidade suficiente pra passar sem depender de sorte. O que eu deixei escondido, porém, foi uma conversa que tive com minha namorada na manhã seguinte, na qual eu falei: “A Melody vai ser eliminada no próximo domingo”. E, infelizmente, aconteceu. Como músico amador e como fã, não tenho autoridade pra dizer muita coisa, mas gostaria de poder compartilhar a minha visão sobre a participação da Melody no Superstar, e o que eu sentia vendo o desempenho do grupo semana após semana. Uma análise do que eu considero os erros e acertos, idêntico ao meu post passado sobre a peça “Adolescer”. E, mais uma vez, vamos começar com os erros.
1-MÚSICAS: Eu simplesmente não acredito que estou realmente dizendo isso, mas é um fato: “Emotion”, dos Bee Gees, não foi uma boa escolha de música pra apresentação do dia oito. Pela primeira vez no programa, a Melody não conseguiu votos suficientes pra tela subir e permanecerem na disputa. Mas também é verdade que, dentre todas as faixas escolhidas, apenas “Lady Marmelade” pode ser considerada um acerto. E os 91% de votos que conseguiram nesse dia são prova suficiente disso. As escolhas posteriores – “Crazy In Love”, “Summer Days”, “We Found Love” e a já citada “Emotion” – vieram desencontradas e em momentos inapropriados (embora eu considere que “We Found Love” foi a melhor dentre essas). Na segunda apresentação já deveriam ter escolhido uma música autoral, que com certeza não seria “Summer Days”. Eu só fui entender o motivo dessas escolhas quando, numa quinta de manhã, conversei com o Cacá Lazzari, baterista da Melody. Segundo o que ele me passou, a Rede Globo limitou as bandas do Superstar a músicas de apenas dois minutos. Sinceramente, é uma regra simplesmente idiota. A média de uma música normalmente varia entre três e quatro minutos, não existe muita coisa que possa ser condensada em dois minutos e continuar boa. A própria sugestão de música autoral que eu faria, “Brokenhearted”, cairia por terra devido a isso. Essa limitação forçou a Melody a fazerem escolhas baseadas em outro ângulo, e isso acabou se mostrando muito prejudicial.
2-NERVOSISMO / EXCESSO DE INSERÇÕES VOCÁLICAS: Não sei dizer se esse tópico é decorrente do primeiro, mas foi algo presente e visível em quase todas as apresentações – exceto, e faço questão de reforçar esse ponto, em “Lady Marmelade”. Todos os seis são tarimbados em apresentações ao vivo e fazem o que fazem de forma tranquila e natural. Mas Superstar trouxe algo diferente. Alguns poderiam dizer que começou com o microfone mudo da Taísi na segunda apresentação (êêêêêê, Rede Globo), mas eu não classificaria assim. Nesse ponto, a banda transcorreu de forma fantástica. Mas não conseguiam mais passar aquela costumeira jovialidade de quem está em seu próprio meio. Inserções vocálicas são algo que nós nos acostumamos a vê-las fazer em pontos de música onde é possível harmonizar de forma mais livre, mas houve músicas em que a voz apareceu demais. Seja em apresentações ao vivo, seja em estúdio, seja em livestreams, isso quase nunca acontece.
3-DINHO OURO PRETO: Essa foi inevitável. Nem chega a ser um “erro”, mas com certeza ajudou a afundar os gaúchos. Tudo começou quando a Melody eliminou os afilhados do Dinho durante as disputas diretas. Aparentemente, o jurado assumiu como meta de vida eliminá-los do programa a todo custo. Foi do contra até o fim, e deve ter ido dormir com um sorriso maior do que a boca no domingo passado. A única vez em que votou a favor foi na apresentação de “Lady Marmelade”, novamente citando-a como a melhor performance da Melody no Superstar. Mesmo acreditando que a Melody não estava em sua totalidade, nunca considerei-os ruins a ponto de precisarem sair. Eles me conhecem o suficiente pra não precisarem duvidar de que sou verdadeiramente fã, mesmo dizendo o que eu disse antes. Mas emputecer o Dinho foi, realmente, um azar infeliz.
Nem tudo foram rosas no jardim da Melody, mas felizmente nem tudo foram espinhos. Embora o título do Superstar não seja mais possível, o que a banda lucrou nessas semanas de disputa foi muito maior. Profissional e emocionalmente. Já que eles nunca perdem o espírito de diversão, é compreensível o motivo de, no final, não estarem mais nem ligando pra lanterna em que estavam. E com isso vamos aos pontos positivos:
1-REAL NACIONALIZAÇÃO DA BANDA: Estou quase afirmando que a Melody não entrou nesse concurso com a intenção de serem campeões, e sim de usar a Globo pra carimbar o nome no Brasil da mesma forma que carimbaram no Rio Grande do Sul. E conseguiram de forma majestosa. Agora o sexteto não é mais nosso, é da nação. Conquistaram fãs nos quatro cantos do país, e certamente poderiam ter feito muito mais se conseguissem chegar mais longe no programa. Foi a plataforma perfeita pro anúncio mais esperado do ano: o lançamento do primeiro álbum da Melody.
2-FÁBIO JR.: Não havia melhor escolha de padrinho no Superstar. Um dos nomes mais respeitados da música nacional, talentoso como poucos e que reflete perfeitamente bem a imagem da própria Melody. Se o grupo já consegue abrir portas sozinho, tendo o Fábio como chave podem abrir muito mais.
Torço e sempre vou torcer pelo sucesso da Melody, mas acho interessante notar alguns pontos que a maioria não nota. Não me considero mais ou menos fã devido a isso, e com certeza não me considero mais ou menos entendido por causa disso. Mas realmente espero que eu possa, de alguma maneira, ter ajudado a pelo menos gerar um novo ponto pro debate: o que derrubou a Melody? Bom, bola pra frente. Há um mundo a ser conquistado, e eles recém conquistaram o Brasil.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

ADOLESCER - Erros e acertos

Tive a chance de assistir à peça teatral “Adolescer” na noite de ontem (a saber, 28 de maio), e me surpreendi com o trabalho feito em cima do palco feito por aquele grupo de atores. É simplesmente inegável o motivo do sucesso que essa peça alcançou durante seus doze anos de existência. Uma comédia que cumpre seu papel de comédia. Mais do que isso, um conjunto de esquetes que pode ser renovado de acordo com a época apresentada. Porém, como eu não posso deixar o olhar Católico Tradicionalista de férias, me vejo forçado a reconhecer alguns pontos preocupantes que vi no espetáculo. Devido a isso, achei melhor sentar e escrever este post em particular, pois não quis correr o risco de fazer comentários soltos ao vento e ser mal compreendido depois. Dada a explicação, deixo aqui minhas conclusões sobre os principais erros e acertos da peça escrita e dirigida por Vanja Ca Michel. Como critério de apresentação, vou expô-los na ordem em que as respectivas esquetes foram encenadas. Começo pelos erros:
1-PROMOÇÃO DO HOMOSSEXUALISMO: Dentre todos os tópicos, este é o único que não cito pela cena em si, e sim por uma única frase. A esquete tratou da exposição da homofobia, na figura dos três machões que vão zoar a cara do gay do colégio, o qual responde brilhantemente ironia com ironia. Tinha um mensagem e até que foi bem passada, se concordamos em acabar com o preconceito como um todo. Se terminasse ali, não teríamos do que falar. Mas então veio o posterior monólogo da atriz Luisa Ricardo, do qual extraímos o seguinte fragmento: “Homossexualidade não é pecado nem doença”. Primeiro ponto: na esquete inteira percebe-se de longe o cuidado de usar “homossexualidade” em lugar de “homossexualismo”, como se o último estivesse incorreto de alguma forma, contextual ou gramatical. Isso é quase uma assinatura de movimentos pró-homossexualismo. Segundo ponto: afirmar que homossexualismo não é pecado seria simplesmente ignorar o que as Sagradas Escrituras nos mostra em Lv 18, 22 ; Lv 20, 13 ; Dt 22, 5 ; I Reis 14, 24 ; I Reis 15, 12 ; Mc 10, 6 e Rm 1, 24-27 sem deixar qualquer tipo de dúvida. A menos, é claro, que as Sagradas Escrituras não possam ser levadas em conta em “Adolescer”, e apresentar esse pensamento a uma geração inteira educada pelo PT e cuja instrução se baseia nos filtros do MEC é algo realmente preocupante.
2-ESTIGMATIZAÇÃO DOS OTAKUS: É curioso que um espetáculo que busque derrubar rótulos faça uso de uma sátira tão clichê quanto os otakus e as otomes, o que acaba por confirmar uma imagem que há muito eles tentam apagar. Apenas dois segundos de coreografia me fizeram pensar “AnimeXtreme”, e de uma forma tão bizarramente infantil que me fez, por um ínfimo instante, até mesmo sentir vergonha de ter 21 anos e ainda apreciar esse mundo. Quase todos os momentos em que algum personagem ligado à cultura japonesa – ou mesmo à própria geração cartoon em geral – aparecia, o mesmo era um exemplo perfeito de retarda infantil vítima de bullying ou simplesmente deixado de lado no grupo grande. Concordo que os fanboys de Naruto estragaram demais a imagem que o mundo tem dos fãs de anime, mas reforçá-lo em “Adolescer” foi, pra dizer o  mínimo, estranho.
3-ABORTO, O ASSUNTO NÃO RESOLVIDO: Durante doze anos de um espetáculo indiscutivelmente bem sucedido, não sei dizer se a intenção de Vanja era dar respostas às questões mais pertinentes da adolescência. Fato é que todas as esquetes apresentadas em cima do palco apresentavam um problema e uma solução, exceto uma: o aborto. Uma possível explicação pra isso talvez esteja no fato de que a apresentação desse tema se deu de forma mais reflexiva se comparado com os outros temas mostrados. E também de maneira bem simples: um casal que se encontra e a menina revela que está grávida. Os dois param e começam a surgir vozes com ideias, gozações e opiniões diversas. Destaco duas: “Se eu fosse tu, eu tirava” e “Tu teria coragem de matar teu próprio filho?”. Os dois lados devidamente mostrados, sem criar nenhuma espécie de debate. Ao fim, o casal foge, sem nenhuma palavra sobre que atitude tomarão no futuro. Alguém poderá argumentar que, em uma cena posterior, a questão do aborto é enfim resolvida: há um grupo em um elevador que sobe até o terraço de um edifício com a intenção de se matar. Dentre eles, um casal em que a menina está grávida. A ascensorista desse elevador, além de resolver as pendências dos outros suicidas, se oferece pra ser a madrinha daquela criança, salvando-a do assassinato. Não posso levar isso em conta como uma solução mostrada pela peça, porque o foco dessa esquete não era o aborto em si. Este simplesmente embarcou na onda dos outros problemas e foi resolvido por uma terceira parte.
Se eu encerrasse meu post por aqui, muitos começariam a pensar que eu não gostei de “Adolescer”. A verdade é que eu sei apreciar um bom trabalho quando eu vejo um. E mesmo tendo as falhas que mostrei anteriormente, considero que “Adolescer” é sim um bom trabalho. A essência pareceu praticamente intocada durante doze anos, sofrendo alterações tão leves que a passagem do tempo não conseguiu atingi-la. Isso é algo a ser admirado. Dito isso, posso passar aos acertos:
1-A COMÉDIA PURA E SIMPLES: Uma fórmula difundida pelo mestre Roberto Bolaños pode ser identificada em “Adolescer”: o humor que se esconde no mais básico do cotidiano. Exceto nos momentos em que era realmente necessário passar pelos baixos da tragédia, o espetáculo se mostrou extremamente satisfatório em se tratando da facilidade do riso. Nesse ponto é preciso dar créditos ao nome de Anderson Vieira, sem dúvida o ponto alto da noite (sem desmerecer, de forma alguma, a excelente atuação do restante do elenco). As comédias visual e verbal casaram de forma harmonicamente perfeita. Mesmo as poucas piadas previsíveis que vi encaixaram de forma tão natural que o público não tinha qualquer outra opção a não ser lavar a alma rindo.
2-VALORIZAÇÃO DA FAMÍLIA: Nessa atualidade, em que constantemente vemos a base familiar ser atacada ao ponto de quase ser desfeita, é um alívio bem-vindo ver uma defesa da parte de um nome tão poderoso. De todas as mensagens visuais que eu já vi, nenhuma expressou tão bem o que é verdadeiramente o Quarto Mandamento posto em prática do que o final de “Adolescer”. Aliás, família foi o assunto mais recorrente na peça inteira. Mesmo com o apontamento dos problemas mais graves encontrados em um casamento e em um núcleo familiar, foi visível que tudo convergia pra um único ponto: o diálogo aberto e o respeito mútuo. O abraço final foi o exemplo perfeito. Nada mais há a ser dito.
Como eu disse antes, se trata das conclusões de um Católico Tradicionalista em um espetáculo aberto à opinião pública. Mesmo sendo ex-ator de teatro (e sentindo sincera saudade do palco), não poderia avaliar “Adolescer” como um expert da arte. A única coisa que posso dizer como fechamento é: se tiver a chance, vá assistir. Então tu mesmo(a) poderá fazer tuas próprias impressões e concordar ou discordar das minhas palavras.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Mais um dia 20 de maio


Temos motivos de sobra pra lembrar do vigésimo dia do quinto mês. Posso citar como exemplos o Primeiro Concílio de Niceia em 325 (com o fim da perseguição aos Cristãos e a criação do Credo Niceno-Constantinopolitano), a chegada de Vasco da Gama a Calecute, na Índia, em 1498, ou mesmo – falando em Vasco da Gama – o milésimo gol de Romário, aquele pênalti contra o Sport, em 2007. Mas eu, particularmente, tenho outros motivos pra ter o dia 20 de maio tão marcado em mim. É algo muito simbólico. Trata-se do dia em que podemos ver a música encontrar as duas pontas do ciclo. O início e o fim. O nascimento e a morte. O aniversário e o funeral. Talvez soe um tanto tétrico, mas eu consigo ver algo de poesia. Pode ser simplesmente por eu ser um fã e conseguir ver algo além das datas. Sim. Mais uma vez Melody e Bee Gees. Agora, porém, com algo muito mais significativo: Maitê Cunha e Robin Gibb.
20 de maio de 1988. Nasce Maitê, uma das vozes mais potentes da música gaúcha e membro de uma banda em ascensão que rapidamente está ganhando as graças do Brasil. Potencial pro sucesso e pro estrelato indiscutível, e reconhecida ao lado de suas irmãs, namorado e amigos por um dos maiores nomes da música nacional. Sua luta começou e ainda há muito o que fazer.
20 de maio de 2012. Morre Robin, uma das vozes mais marcantes da música internacional e membro de uma banda que conseguiu, por três anos, o título de Maior do Mundo. Legado que contribuiu para o maior acervo de composições particulares da história. Reconhecido ao lado de seus irmãos como responsável por uma nova e proeminente cultura. Sua luta terminou e sua herança permanece.
Não saberia dizer se outros dias poderão se tornar icônicos iguais a este dia 20 de maio. Não sei nem se no futuro alguém dará tanta importância quanto a que eu estou dando. Mas se há algo que eu posso garantir, é isso: valerá a pena de um jeito ou de outro. Enquanto nomes importantes como esses continuarem escrevendo esses capítulos no curso da história. Até chegar o dia em que só teremos as lembranças, o coração seguirá cantando, pois a boa música nunca acaba. Os sentimentos por trás das obras nunca mudam. A única coisa que realmente é diferente são os poetas.
           Feliz aniversário, Maitê. Descanse em paz, Robin.

sexta-feira, 21 de março de 2014

O retorno de Veronica

Um dos maiores anúncios do ano passado foi o projeto e a sequente finalização do tão aguardado filme da jovem detetive Veronica Mars. Com muita vergonha confesso que fui um dos muitos fãs que desistiram de ver a loirinha em ação, nem que fosse em uma despedida. A série de TV foi uma das mais impactantes produções já realizadas, comparável em qualidade e técnica com nomes maiores, como “Lie To Me”, “Cold Case” e “Sherlock”. Com toda a certeza, o cancelamento no fim da terceira temporada foi algo triste. Rob Thomas foi um homem valoroso em tentar arriscar o piloto da quarta temporada assim mesmo, pena que foi ignorado. Eis que surge, portanto, a razão e a alma de toda série bem sucedida: os fãs fieis.
Já que ninguém quis bancar o tão falado filme, os próprios fãs se juntaram em uma vaquinha virtual de quase cinco anos, a qual arrecadou perto de seis milhões de dólares. E o resultado chega às telas de cinema nos EUA. Um novo projeto no qual Kristen Bell volta a interpretar a filha de Keith Mars, a garota que conquistava amigos e inimigos por onde quer que passasse. Nós, no Brasil, porém, precisamos amargar aquela velha premissa de não ter todos os privilégios que os vizinhos do norte tem. Não teremos o filme de Veronica Mars nas nossas salas de cinema. Mas a Warner Bros teve a “cortesia” de disponibilizar o filme pra download o mais rápido possível, e a promessa de que em maio teremos o DVD em versão brasileira. Particularmente, acho que é um preço pequeno a pagar depois de anos e anos esperando. Mas Veronica Mars é alguém que merece ser vista na telona em todo o globo. Bem-vinda de volta, srta. Mars.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Sonhos e realidade

A despeito do que muitos acreditam, o fato é que vivemos muito mais de projeções do que de realidade. Só nos damos conta daquilo que é verdadeiro depois de muito tempo sonhando. Como naqueles dias em que acordamos acreditando fielmente que podemos fazer do mundo um lugar melhor e mais feliz, quando na verdade somos apenas estraga-prazeres. E o que fazemos, então? Deixar que eles se destruam em falsas felicidades enquanto jogam na nossa cara que somos péssimos seres humanos, ou seguimos em frente ao mesmo tempo em que nosso coração é dilacerado a ponto de o sentirmos doer a cada passo dado?