Com
o passar dos anos, os relacionamentos amorosos passaram por várias e várias
adaptações ao convívio social. Algumas compreensíveis, outras nem tanto, mas
tem uma em particular que simplesmente não tem o menor propósito real de
existir: o ciúme. Já parou pra pensar no que realmente é o ciúme? O dicionário
o classifica como “pesar, despeito por ver alguém possuir um bem que se
desejaria ter […], receio de que a pessoa amada se apegue a outrem”. Essa última
frase é bem sugestiva. No fundo, denota uma dose enorme de insegurança e,
portanto, desconfiança. O ciúme só aparece quando uma das partes não confia
inteiramente na outra, e não adianta virem os falsos românticos pra cima de mim
dizerem que não é assim que funciona. Tem quem defenda que só o ciúme exagerado
é ruim, só que na verdade todo o ciúme é ruim, porque todo ele implica em uma
única coisa: falta de amor verdadeiro. A verdade pura e simples é essa. Quem tem
ciúme não ama de verdade, porque não se trata de um sentimento de amor, e sim
de posse. Quem sente ciúme almeja ser o único dono, o que transforma o ser “amado”
em mero objeto.
O ciúme
já foi motivo e palco de diversos assassinatos, e em todos eles o criminoso
afirma que fez o que fez “por amor” (sugiro aqui o livro “A Paixão no Banco dos
Réus”, de Luiza Nagib Eluf, que ilustra perfeitamente tudo o que eu estou falando
aqui). Se formos analisar caso a caso, veremos que nunca houve um motivo
concreto pra que tudo acontecesse. O ciúme cega, e o que era sentimento passa a
ser racional na visão da pessoa, sendo que NUNCA é racional. A pessoa pode até
ter motivos pra ter ciúme, mas à margem da mera desconfiança o que se deve
fazer é investigar se o medo tem fundamento. Já vi diversos namoros à minha
volta desmoronarem devido a isso. O ser humano é tão orgulhoso que se recusa a
admitir a possibilidade de estar errado. Quando o coração domina o cérebro,
tudo tende a ir mal. O amor não é idiota, mas o ciúme detroi o equilíbrio.
E é isso o que nos mantém cada vez mais unidos.