terça-feira, 10 de junho de 2014

Melody no Superstar - Erros e acertos


No último domingo (a saber, dia oito de junho), a banda Melody encerrou sua participação no concurso Superstar, da Rede Globo, sendo eliminada com ridículos 49% de votos positivos. Não acho exagero nenhum dizer que essa foi a maior injustiça sofrida até agora pelo sexteto em toda sua existência. Durante a eliminatória do dia primeiro, quando o grupo suou frio pra passar raspando com a última vaga disponível, comentei no fã-clube que eles tem capacidade suficiente pra passar sem depender de sorte. O que eu deixei escondido, porém, foi uma conversa que tive com minha namorada na manhã seguinte, na qual eu falei: “A Melody vai ser eliminada no próximo domingo”. E, infelizmente, aconteceu. Como músico amador e como fã, não tenho autoridade pra dizer muita coisa, mas gostaria de poder compartilhar a minha visão sobre a participação da Melody no Superstar, e o que eu sentia vendo o desempenho do grupo semana após semana. Uma análise do que eu considero os erros e acertos, idêntico ao meu post passado sobre a peça “Adolescer”. E, mais uma vez, vamos começar com os erros.
1-MÚSICAS: Eu simplesmente não acredito que estou realmente dizendo isso, mas é um fato: “Emotion”, dos Bee Gees, não foi uma boa escolha de música pra apresentação do dia oito. Pela primeira vez no programa, a Melody não conseguiu votos suficientes pra tela subir e permanecerem na disputa. Mas também é verdade que, dentre todas as faixas escolhidas, apenas “Lady Marmelade” pode ser considerada um acerto. E os 91% de votos que conseguiram nesse dia são prova suficiente disso. As escolhas posteriores – “Crazy In Love”, “Summer Days”, “We Found Love” e a já citada “Emotion” – vieram desencontradas e em momentos inapropriados (embora eu considere que “We Found Love” foi a melhor dentre essas). Na segunda apresentação já deveriam ter escolhido uma música autoral, que com certeza não seria “Summer Days”. Eu só fui entender o motivo dessas escolhas quando, numa quinta de manhã, conversei com o Cacá Lazzari, baterista da Melody. Segundo o que ele me passou, a Rede Globo limitou as bandas do Superstar a músicas de apenas dois minutos. Sinceramente, é uma regra simplesmente idiota. A média de uma música normalmente varia entre três e quatro minutos, não existe muita coisa que possa ser condensada em dois minutos e continuar boa. A própria sugestão de música autoral que eu faria, “Brokenhearted”, cairia por terra devido a isso. Essa limitação forçou a Melody a fazerem escolhas baseadas em outro ângulo, e isso acabou se mostrando muito prejudicial.
2-NERVOSISMO / EXCESSO DE INSERÇÕES VOCÁLICAS: Não sei dizer se esse tópico é decorrente do primeiro, mas foi algo presente e visível em quase todas as apresentações – exceto, e faço questão de reforçar esse ponto, em “Lady Marmelade”. Todos os seis são tarimbados em apresentações ao vivo e fazem o que fazem de forma tranquila e natural. Mas Superstar trouxe algo diferente. Alguns poderiam dizer que começou com o microfone mudo da Taísi na segunda apresentação (êêêêêê, Rede Globo), mas eu não classificaria assim. Nesse ponto, a banda transcorreu de forma fantástica. Mas não conseguiam mais passar aquela costumeira jovialidade de quem está em seu próprio meio. Inserções vocálicas são algo que nós nos acostumamos a vê-las fazer em pontos de música onde é possível harmonizar de forma mais livre, mas houve músicas em que a voz apareceu demais. Seja em apresentações ao vivo, seja em estúdio, seja em livestreams, isso quase nunca acontece.
3-DINHO OURO PRETO: Essa foi inevitável. Nem chega a ser um “erro”, mas com certeza ajudou a afundar os gaúchos. Tudo começou quando a Melody eliminou os afilhados do Dinho durante as disputas diretas. Aparentemente, o jurado assumiu como meta de vida eliminá-los do programa a todo custo. Foi do contra até o fim, e deve ter ido dormir com um sorriso maior do que a boca no domingo passado. A única vez em que votou a favor foi na apresentação de “Lady Marmelade”, novamente citando-a como a melhor performance da Melody no Superstar. Mesmo acreditando que a Melody não estava em sua totalidade, nunca considerei-os ruins a ponto de precisarem sair. Eles me conhecem o suficiente pra não precisarem duvidar de que sou verdadeiramente fã, mesmo dizendo o que eu disse antes. Mas emputecer o Dinho foi, realmente, um azar infeliz.
Nem tudo foram rosas no jardim da Melody, mas felizmente nem tudo foram espinhos. Embora o título do Superstar não seja mais possível, o que a banda lucrou nessas semanas de disputa foi muito maior. Profissional e emocionalmente. Já que eles nunca perdem o espírito de diversão, é compreensível o motivo de, no final, não estarem mais nem ligando pra lanterna em que estavam. E com isso vamos aos pontos positivos:
1-REAL NACIONALIZAÇÃO DA BANDA: Estou quase afirmando que a Melody não entrou nesse concurso com a intenção de serem campeões, e sim de usar a Globo pra carimbar o nome no Brasil da mesma forma que carimbaram no Rio Grande do Sul. E conseguiram de forma majestosa. Agora o sexteto não é mais nosso, é da nação. Conquistaram fãs nos quatro cantos do país, e certamente poderiam ter feito muito mais se conseguissem chegar mais longe no programa. Foi a plataforma perfeita pro anúncio mais esperado do ano: o lançamento do primeiro álbum da Melody.
2-FÁBIO JR.: Não havia melhor escolha de padrinho no Superstar. Um dos nomes mais respeitados da música nacional, talentoso como poucos e que reflete perfeitamente bem a imagem da própria Melody. Se o grupo já consegue abrir portas sozinho, tendo o Fábio como chave podem abrir muito mais.
Torço e sempre vou torcer pelo sucesso da Melody, mas acho interessante notar alguns pontos que a maioria não nota. Não me considero mais ou menos fã devido a isso, e com certeza não me considero mais ou menos entendido por causa disso. Mas realmente espero que eu possa, de alguma maneira, ter ajudado a pelo menos gerar um novo ponto pro debate: o que derrubou a Melody? Bom, bola pra frente. Há um mundo a ser conquistado, e eles recém conquistaram o Brasil.