“Deus
Existe” (“The Genius Club”, 2006, produção independente escrita e dirigida por
Tim Chey, EUA) é um filme de suspense que, de forma sutil, leva o público a refletir
sobre o sistema de relações políticas, sociais e econômicas existente no mundo.
Armand é um pensador revolucionário que plantou uma bomba embaixo da cidade de
Washington DC. Ele ameaça detoná-la se um seleto clube de gênios não conseguir
resolver todos os problemas do mundo em uma única noite. O presidente convoca sete
americanos com QI superior a 200: Um professor de matemática vencedor de um
Prêmio Nobel, uma cientista, um seminarista, uma dona de cassino, um jogador de
baseball, um entregador de pizzas e uma mulher que luta contra o câncer. Na
véspera do Natal, o grupo é reunido em um depósito, onde Armand inicia um jogo.
Se os sete, mais o preocupado presidente e o irritável agente Brian, não
conseguirem marcar mil pontos antes do amanhecer, todos morrerão. Durante a
madrugada, Armand faz várias perguntas a eles expondo as falhas da humanidade e
detalhes minuciosos de problemas comuns a todos. Entre os assuntos debatidos
estão a viabilidade e os efeitos do capitalismo, os motivos menores das
guerras, a existência de Deus, a política e os vícios pessoais.
Cada
um deles tem uma história pessoal e um segredo. No decorrer do filme, as
máscaras que todos usam acabam por cair, revelando as verdadeiras
personalidades dos presentes. Em algum momento, todos são forçados a enfrentar
algo do passado e usar isso para conseguirem mais pontos ou, no mínimo, ter uma
epifania.
Embora
passe por temas já debatidos e sem resposta definida, “Deus Existe” é pioneiro
por fazer uma abordagem nova, sob a luz de um grupo que necessita achar
respostas para sobreviver. O sistema de pontuação utilizado por Armand é muito
subjetivo e os pontos são dados por cada resposta recebida sem que se tenha um
padrão ou critério. O dito terrorista mostra ter um conhecimento e uma relação
próxima com o agente Brian, da guarda pessoal do presidente, e por vezes o
público é levado a pensar que Brian é o protagonista da história – reforçado
pelo fato de ele ser o narrador de abertura. Ele também é a ligação daquele
pessoal com o lugar onde está a bomba, e aquele que se dispõe a descobrir a
senha que a desativa.
O
cenário principal do filme é o depósito com a mesa e a tela onde os debates
acontecem. Devido a isso, poucas vezes são utilizados ângulos abertos, sendo
predominantes os closes. As cores escuras e os vídeos de Armand na penumbra
reforçaram o clima de suspense e ação rápida. Nas cenas externas, porém, há
excesso de cores e luzes. Também é possível notar, embora o elenco tenha sido
bem escolhido e bem orientado, um certo exagero em emoções mais fortes, como
raiva e tristeza.