No último
domingo (a saber, dia oito de junho), a banda Melody encerrou sua participação
no concurso Superstar, da Rede Globo, sendo eliminada com ridículos 49% de
votos positivos. Não acho exagero nenhum dizer que essa foi a maior injustiça
sofrida até agora pelo sexteto em toda sua existência. Durante a eliminatória
do dia primeiro, quando o grupo suou frio pra passar raspando com a última vaga
disponível, comentei no fã-clube que eles tem capacidade suficiente pra passar
sem depender de sorte. O que eu deixei escondido, porém, foi uma conversa que
tive com minha namorada na manhã seguinte, na qual eu falei: “A Melody vai ser
eliminada no próximo domingo”. E, infelizmente, aconteceu. Como músico amador e
como fã, não tenho autoridade pra dizer muita coisa, mas gostaria de poder
compartilhar a minha visão sobre a participação da Melody no Superstar, e o que
eu sentia vendo o desempenho do grupo semana após semana. Uma análise do que eu
considero os erros e acertos, idêntico ao meu post passado sobre a peça “Adolescer”.
E, mais uma vez, vamos começar com os erros.
1-MÚSICAS:
Eu simplesmente não acredito que estou realmente dizendo isso, mas é um fato: “Emotion”,
dos Bee Gees, não foi uma boa escolha de música pra apresentação do dia oito. Pela
primeira vez no programa, a Melody não conseguiu votos suficientes pra tela
subir e permanecerem na disputa. Mas também é verdade que, dentre todas as
faixas escolhidas, apenas “Lady Marmelade” pode ser considerada um acerto. E os
91% de votos que conseguiram nesse dia são prova suficiente disso. As escolhas
posteriores – “Crazy In Love”, “Summer Days”, “We Found Love” e a já citada “Emotion”
– vieram desencontradas e em momentos inapropriados (embora eu considere que “We
Found Love” foi a melhor dentre essas). Na segunda apresentação já deveriam ter
escolhido uma música autoral, que com certeza não seria “Summer Days”. Eu só
fui entender o motivo dessas escolhas quando, numa quinta de manhã, conversei
com o Cacá Lazzari, baterista da Melody. Segundo o que ele me passou, a Rede
Globo limitou as bandas do Superstar a músicas de apenas dois minutos. Sinceramente,
é uma regra simplesmente idiota. A média de uma música normalmente varia entre
três e quatro minutos, não existe muita coisa que possa ser condensada em dois
minutos e continuar boa. A própria sugestão de música autoral que eu faria, “Brokenhearted”,
cairia por terra devido a isso. Essa limitação forçou a Melody a fazerem
escolhas baseadas em outro ângulo, e isso acabou se mostrando muito prejudicial.
2-NERVOSISMO
/ EXCESSO DE INSERÇÕES VOCÁLICAS: Não sei dizer se esse tópico é decorrente do
primeiro, mas foi algo presente e visível em quase todas as apresentações –
exceto, e faço questão de reforçar esse ponto, em “Lady Marmelade”. Todos os
seis são tarimbados em apresentações ao vivo e fazem o que fazem de forma
tranquila e natural. Mas Superstar trouxe algo diferente. Alguns poderiam dizer
que começou com o microfone mudo da Taísi na segunda apresentação (êêêêêê, Rede
Globo), mas eu não classificaria assim. Nesse ponto, a banda transcorreu de
forma fantástica. Mas não conseguiam mais passar aquela costumeira jovialidade
de quem está em seu próprio meio. Inserções vocálicas são algo que nós nos
acostumamos a vê-las fazer em pontos de música onde é possível harmonizar de
forma mais livre, mas houve músicas em que a voz apareceu demais. Seja em
apresentações ao vivo, seja em estúdio, seja em livestreams, isso quase nunca
acontece.
3-DINHO
OURO PRETO: Essa foi inevitável. Nem chega a ser um “erro”, mas com certeza
ajudou a afundar os gaúchos. Tudo começou quando a Melody eliminou os afilhados
do Dinho durante as disputas diretas. Aparentemente, o jurado assumiu como meta
de vida eliminá-los do programa a todo custo. Foi do contra até o fim, e deve
ter ido dormir com um sorriso maior do que a boca no domingo passado. A única
vez em que votou a favor foi na apresentação de “Lady Marmelade”, novamente
citando-a como a melhor performance da Melody no Superstar. Mesmo acreditando
que a Melody não estava em sua totalidade, nunca considerei-os ruins a ponto de
precisarem sair. Eles me conhecem o suficiente pra não precisarem duvidar de
que sou verdadeiramente fã, mesmo dizendo o que eu disse antes. Mas emputecer o
Dinho foi, realmente, um azar infeliz.
Nem
tudo foram rosas no jardim da Melody, mas felizmente nem tudo foram espinhos. Embora
o título do Superstar não seja mais possível, o que a banda lucrou nessas
semanas de disputa foi muito maior. Profissional e emocionalmente. Já que eles
nunca perdem o espírito de diversão, é compreensível o motivo de, no final, não
estarem mais nem ligando pra lanterna em que estavam. E com isso vamos aos
pontos positivos:
1-REAL
NACIONALIZAÇÃO DA BANDA: Estou quase afirmando que a Melody não entrou nesse
concurso com a intenção de serem campeões, e sim de usar a Globo pra carimbar o
nome no Brasil da mesma forma que carimbaram no Rio Grande do Sul. E conseguiram
de forma majestosa. Agora o sexteto não é mais nosso, é da nação. Conquistaram fãs
nos quatro cantos do país, e certamente poderiam ter feito muito mais se
conseguissem chegar mais longe no programa. Foi a plataforma perfeita pro
anúncio mais esperado do ano: o lançamento do primeiro álbum da Melody.
2-FÁBIO
JR.: Não havia melhor escolha de padrinho no Superstar. Um dos nomes mais
respeitados da música nacional, talentoso como poucos e que reflete
perfeitamente bem a imagem da própria Melody. Se o grupo já consegue abrir
portas sozinho, tendo o Fábio como chave podem abrir muito mais.
Torço
e sempre vou torcer pelo sucesso da Melody, mas acho interessante notar alguns
pontos que a maioria não nota. Não me considero mais ou menos fã devido a isso,
e com certeza não me considero mais ou menos entendido por causa disso. Mas
realmente espero que eu possa, de alguma maneira, ter ajudado a pelo menos
gerar um novo ponto pro debate: o que derrubou a Melody? Bom, bola pra frente. Há
um mundo a ser conquistado, e eles recém conquistaram o Brasil.
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