Depois
do primeiro deslumbramento causado por eu ser fã dos Bee Gees e finalmente ter
tido a chance de vê-los interpretar “Sgt. Pepper`s Lonely Heart Club Band”,
comecei a prestar atenção em alguns detalhes menores. Acredito que descobri por
que esse filme, que tinha tudo pra ser uma super-produção de Hollywood, se
tornou o fracasso que foi em 1979. Não é um filme ruim, mas não foi bem
orientado, seja a culpa de quem for. Primeiramente, quero falar sobre a
participação de Peter Frampton como o simpático e ingênuo Billy Shears, neto do
famoso Sargento Pepper e novo líder da banda original, reforçada pelos jovens
e talentosos irmãos Henderson, Mark (Barry Gibb), Bob (Maurice Gibb) e Dave
(Robin Gibb). Frampton me pareceu, ao mesmo tempo, um bom ator e um não tão bom
performer. Toda vez que ele pegava a guitarra e ia pro microfone, eu quase
chegava a ver uma pessoa cujo purgante começava a fazer efeito. E isso levando
em conta que ele não canta mal. Peter Frampton tinha uma alegria visívelmente
forçada (mesmo atuando ao lado de Sandy Farina), e só pude tecer uma explicação
possível quando eu parei pra pesquisar todos os pepinos que ele enfrentava na
época em que foi chamado pra fazer esse papel. Devido a isso, dei um desconto
pra Peter Frampton.
Mesmo
assim, não dá pra ser tão conivente com outros aspectos do filme. Um deles é o
excesso de ação. Quase não há diálogo. Barry, Robin e Maurice, que teoricamente
também são protagonistas, não possuem UMA FALA sequer. Todas as vezes que abrem
a boca, é pra cantar (não que isso seja ruim). Deram atenção demais pras
músicas dos Beatles, o que ficou exagerado mesmo se tratando de um musical. Penso
que eu mesmo não teria entendido muita coisa se não tivesse lido o livro antes.
Sim, o filme tem um livro. Foi escrito por Henry Edwards e é praticamente um
guia de tudo o que acontece na tela, muito melhor trabalhado. Mas, como eu
disse, “Sgt. Pepper`s Lonely Heart Club Band” não é um filme ruim. Eu seria a
favor de uma refilmagem com uma nova equipe de roteiristas, se todos os Bee
Gees ainda estivessem vivos. Transformar um álbum em um filme (ou mesmo uma
música, como o nosso maravilhoso exemplo em “Faroeste Caboclo”) é sempre uma
ideia interessante e desafiadora.
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